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Pastor Silas Malafaia diz que mulheres inventam estupros para fazerem aborto

Pastor Silas Malafaia diz que mulheres inventam estupros para fazerem aborto

Defensor do projeto de lei Antiaborto por Estupro em debate no Congresso Nacional, o pastor Silas Malafaia, sem apresentar evidências, disse que mulheres “mentem” sobre terem sido estupradas para conseguirem abortar nos hospitais brasileiros.

Silas acusou políticos de esquerda e setores da imprensa de mentirem sobre o projeto criado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Em vídeo publicado no YouTube, o pastor chamou de “safadeza” a crítica feita pelos que se opõem ao projeto que estipula uma pena maior para a mulher estuprada que aborta após 22 semanas de gestação em comparação à penalidade prevista no Código Penal para o estuprador. “É para a mulher chegar diante do médico e mentir. Mesmo que não tenha sido estuprada. É só ela dizer ‘fui estuprada’. Pronto, se faz o aborto. É legalizado o aborto.

A interrupção da gravidez em caso de estupro não exige a apresentação de um boletim de ocorrência. Ao UOL, o advogado criminalista Luis Gabriel Vieira destacou que a legislação garante a realização do aborto às vítimas de crime sexual em hospitais especializados. Nesses casos, a vítima deve procurar a unidade de saúde e será submetida a um protocolo, que inclui entrevistas com médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais e assina o termo de consentimento — em caso de menor de idade ou invalidez, o termo é assinado por um responsável legal.

Em caso de estupro não precisa ter nenhum laudo médico ou que seja lavrado algum boletim de ocorrência para qualquer ação. Precisa apenas o consentimento da mulher e ir ao hospital para realizar o procedimento a qualquer tempo da gestação.

— advogado Luis Gabriel Vieira

Lei do Minuto Seguinte. Em 2013, a então presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que oferece garantias para as vítimas de violência sexual, como o atendimento imediato em hospitais do Sistema Único de Saúde. A lei também evita que a vítima seja submetida a constrangimentos e tenha que ir à delegacia para registrar ocorrência da violência sofrida.

O artigo 3º, inciso III da lei sancionada por Dilma também estipula a “facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência sexual”.

Projeto de lei quer tornar obrigatório BO para realização do aborto, mas está parado na Câmara. O projeto de lei 232/21, de autoria da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi protocolado em fevereiro de 2021 e está parado desde junho daquele ano, quando foi recebido pela Defesa dos Direitos da Mulher da Casa, conforme informações do site da Câmara dos Deputados.

Atualmente, no Brasil, o aborto é previsto nos casos de riscos à vida da gestante, feto anencefálico (má formação cerebral) e gestação resultante de estupro. Nos dois primeiros casos, é preciso laudo médico para a realização do procedimento. Não há limite de tempo de gestação para que o procedimento seja realizado nesses casos. Ter relação sexual com menor de 14 anos é estupro de vulnerável e, por isso, todas as meninas que gestam nesse contexto têm direito ao aborto legal.

Malafaia agradeceu a Lira

Silas Malafaia fez agradecimentos ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pela “coragem de dar urgência ao projeto”. O pastor também criticou o PSOL por acionar o Supremo Tribunal Federal contra resolução do Conselho Federal de Medicina que impedia médicos de realizarem aborto em vítimas de estupro por meio da assistolia fetal.

O CFM baixou uma resolução impedindo os médicos de realizarem aborto em mulheres que foram estupradas a partir de cinco meses e meio por uma sistema cruel chamado assistolia, aí o PSOL entrou contra essa resolução no STF, e o ditador da toga, Alexandre de Moraes, deu a liminar.– Silas Malafaia

O ministro Alexandre de Moraes suspendeu decisão do CFM que proibiu o procedimento no país. Para o magistrado, o Conselho não tem poder para restringir um direito previsto em lei, sendo que a resolução pode “criar embaraços concretos e significativamente preocupantes para a saúde das mulheres”.

A assistolia fetal é um procedimento médico que consiste na injeção de produtos químicos no feto para evitar que nasça com sinais de vida. Após a injeção, ele é retirado do útero da mulher.

Trata-se de um procedimento respaldado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em gestações superiores a 20 semanas. Também está apoiado por protocolos internacionais, como uma prática de assistência à mulher em caso de aborto legal. A assistolia evita que o feto seja expulso com sinais vitais, prevenindo desgaste emocional dos pacientes e médicos.

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