A Operação Torniquete, deflagrada nesta quarta-feira (15), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e pela Polícia Civil fluminense contra um esquema financeiro envolvendo o Comando Vermelho cumpriu mandados na Paraíba. Até a publicação desta matéria, no entanto, o nome do alvo não havia sido divulgado.
Segundo o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro, os alvos foram denunciados à justiça pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, relacionados ao tráfico de drogas e à ocultação de valores ilícitos em mais de 4.888 operações financeiras, totalizando aproximadamente R$ 21.521.290,38.
Ao todo, a ação cumpriu 14 mandados de prisão preventiva contra os integrantes da facção. No Rio de Janeiro, as determinações judiciais foram cumpridas em Bangu, Jacarepaguá, Engenho da Rainha, Nova Iguaçu, Ramos, Copacabana, Cordovil e Santo Cristo. Também há mandados sendo cumpridos nos estados da Bahia e Paraíba.
A denúncia apresentada à Justiça destaca que o esquema financeiro estruturado pelo Comando Vermelho, a “Caixinha do CV”, sustenta as atividades criminosas do grupo. O sistema funciona por meio de taxas cobradas mensalmente de líderes de pontos de venda de drogas nas comunidades dominadas pela facção. Em troca, os responsáveis pelas “bocas de fumo” têm acesso à marca da organização, fornecedores de entorpecentes, suporte logístico e apoio bélico.
Ainda segundo a denúncia do GAECO/MPRJ, os valores arrecadados são centralizados e utilizados para financiar ações como compra de drogas e armamentos, expansão territorial, pagamento de propinas, assistência a membros presos e crimes conexos, como extorsões, roubos de cargas e veículos, além da exploração monopolizada de serviços de internet. Nesta fase da operação, os principais alvos são familiares e operadores do fundo financeiro da facção criminosa.
O início das investigações
As investigações tiveram início em 21 de maio de 2019, com a prisão em flagrante de Elton da Conceição, conhecido como “PQD da CDD”, na Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Na ocasião, foram apreendidas armas, munições e documentos que revelaram um esquema estruturado de lavagem de dinheiro operado pelo Comando Vermelho. Entre os materiais recolhidos, destacaram-se comprovantes de depósitos bancários, que permitiram rastrear movimentações financeiras ilícitas utilizadas para financiar as atividades da facção criminosa.
A primeira fase da operação, deflagrada em 2020, concentrou-se na identificação do fluxo financeiro vinculado ao Comando Vermelho. Essa etapa resultou no indiciamento de 84 pessoas e na apreensão de documentos que detalhavam o funcionamento da “Caixinha”, o fundo financeiro que sustenta a organização criminosa.
Com base nas evidências apreendidas, foram autorizadas quebras de sigilo fiscal e bancário dos investigados, permitindo acesso detalhado às movimentações financeiras suspeitas. Essas análises foram realizadas pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), vinculado ao Departamento-Geral de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCCOR-LD). O uso de tecnologia avançada no cruzamento de dados foi essencial para identificar a rede de pessoas interpostas e as contas utilizadas no esquema criminoso.