Marcação (PB) – Em um momento em que a população do município enfrenta sérios desafios em áreas como saúde, educação e infraestrutura, a gestão da prefeita Ellys Sônia Oliveira Gomes da Silva, conhecida como “Índia Ninha”, chama atenção por autorizar gastos públicos significativos com serviços de natureza questionável e de difícil aferição de impacto direto à população.
De acordo com dados oficiais de empenhos emitidos em março de 2025, a prefeitura direcionou recursos consideráveis para serviços terceirizados, sem que haja detalhamento suficiente sobre a real necessidade ou efetividade dessas contratações. Dentre os registros, chama atenção o valor de R$ 45.000,00 pagos pela apresentação do cantor Ramon Schnayder durante festividades carnavalescas na Aldeia Coqueirinho, enquanto unidades de saúde e escolas da cidade ainda carecem de insumos e manutenção adequada.
Outro ponto que levanta preocupações é o expressivo volume de recursos destinados a manutenção de aparelhos de ar-condicionado, com valores que chegam a ultrapassar os R$ 23 mil em um único empenho para escolas da rede municipal, além de outros empenhos similares realizados no mesmo mês para diferentes secretarias, sempre com o mesmo prestador de serviço. A repetição do fornecedor e o fracionamento das despesas levantam suspeitas sobre a condução e a fiscalização desses contratos.
Além disso, o município pagou R$ 8.000,00 para ornamentação e cerimonial da jornada pedagógica, e outros R$ 3.600,00 foram destinados à gestão de redes sociais da prefeitura — o que levanta o questionamento: qual o critério de prioridade da atual administração? Enquanto isso, moradores relatam nas redes sociais a falta de atendimento médico adequado, infraestrutura precária e atraso em programas sociais.
A prestação de contas inclui ainda serviços como “assessoria técnica”, “manutenção de site” e “consultoria em agronomia”, com valores entre R$ 1.700,00 e R$ 4.600,00 cada, mas sem qualquer indício público de relatórios, resultados mensuráveis ou impacto direto na melhoria da vida dos cidadãos.
O que se observa nos documentos é a reincidência de empresas prestando diferentes tipos de serviço para a administração municipal, muitas vezes em áreas distintas e com escopo vago. A empresa de José Leonardo Vinícius Félix Alves, por exemplo, aparece como contratada para manutenção de ar-condicionado nas secretarias de Saúde, Educação, Administração e Infraestrutura, totalizando mais de R$ 27 mil em empenhos em apenas um dia.
Esses dados expõem indícios de possíveis irregularidades ou, no mínimo, má gestão de recursos públicos, especialmente em um contexto de crise econômica e de necessidades urgentes não atendidas pela administração municipal.
Apesar dos dados estarem formalmente disponíveis, a prefeitura não disponibiliza informações detalhadas sobre os processos de licitação, tampouco publica os relatórios de execução contratual ou os critérios de escolha dos fornecedores. A ausência de transparência e de resultados claros pode configurar violação aos princípios da administração pública, como os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
A população de Marcação merece respostas. O Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a Câmara Municipal precisam investigar com rigor o uso dos recursos públicos, fiscalizar os contratos firmados e garantir que o dinheiro da população esteja sendo utilizado com responsabilidade.
A redação do portal NEWSPB está à disposição para publicar eventuais esclarecimentos por parte da Prefeitura Municipal de Marcação.