O tradicional São João de Bananeiras, um dos mais aguardados do Brejo paraibano, terminou sua edição de 2025 sob fortes críticas. O evento, que nos últimos anos vinha ganhando destaque regional pela estrutura sofisticada e programação artística de qualidade, não conseguiu manter o mesmo padrão e deixou um rastro de frustração entre moradores, comerciantes e turistas.
A festa, realizada às margens da PB-103 no trecho que liga Bananeiras a Dona Inês, enfrentou sérias falhas estruturais. A ausência de uma cobertura adequada para o público foi um dos pontos mais apontados nas redes sociais, especialmente em um ano marcado por fortes chuvas — algo comum na região serrana. Muitos participantes relataram desconforto, dificuldades de mobilidade e espaços inutilizáveis devido ao alagamento e lama.
O público deste ano também foi significativamente menor do que em edições anteriores. Camarotes vazios, áreas abertas com plateias dispersas e queda visível no movimento da cidade contrastaram com os anos de crescimento constante. Vídeos compartilhados por influenciadores locais ilustraram o esvaziamento do evento, que historicamente era conhecido por sua forte adesão popular e turística.
Além das questões logísticas, a grade de atrações também gerou descontentamento. Enquanto cidades como Campina Grande, Patos e Santa Rita investiram fortemente em artistas de destaque nacional, Bananeiras optou por nomes considerados menos expressivos, o que teria impactado diretamente no apelo do evento.
Outro reflexo foi sentido no mercado imobiliário sazonal. Em anos anteriores, aluguéis de casas em condomínios fechados chegavam a R$ 15 mil ou R$ 20 mil durante o mês de junho. Em 2025, os valores caíram para algo entre R$ 4 mil e R$ 5 mil — e, mesmo assim, sobraram imóveis disponíveis.
Críticas também foram direcionadas à condução política do município. Observadores locais avaliam que o foco da gestão do prefeito Matheus Bezerra estaria voltado majoritariamente para a articulação de um projeto eleitoral visando eleger sua esposa deputada nas eleições de 2026. Tal percepção, segundo analistas e populares, teria resultado em menos atenção à organização e execução de um evento cultural que sempre foi símbolo da cidade.
Até o momento, a Prefeitura de Bananeiras não se pronunciou oficialmente sobre os apontamentos da população e da imprensa. Fica agora o desafio de reconquistar a confiança do público e restabelecer a credibilidade de uma festa que, até pouco tempo, era sinônimo de sucesso e referência no calendário junino do estado.
Se há uma lição clara deste ano, é que tradição e fama não bastam. Sem planejamento adequado, investimento proporcional e atenção às expectativas do público, até os eventos mais consagrados correm o risco de perder espaço.
