Escândalo eleitoral em Mari: prefeita e aliados podem perder mandatos por compra de votos e uso da máquina pública

Cidades Paraíba

Um dos maiores escândalos políticos da Zona da Mata paraibana está prestes a ter desfecho na Justiça Eleitoral. A prefeita de Mari, Lucinha da Saúde, seu vice Severino Pereira (Sapinho), e as vereadoras Nice do Assentamento e Vânia de Zu são acusados de compra de votos, abuso de poder político e econômico, além de uso indevido da máquina pública para influenciar o resultado das eleições de 2024.

A ação também envolve o ex-prefeito Antônio Gomes, apontado como articulador do esquema.

O caso, em tramitação na 4ª Zona Eleitoral de Sapé, já teve a fase de oitivas concluída e aguarda sentença da juíza eleitoral Andrea Costa Dantas Botto Targino. Se condenados, os réus poderão ter os mandatos cassados e ficar inelegíveis por oito anos.

Esquema de assistencialismo com recursos públicos

Documentos do Tribunal de Contas do Estado e depoimentos indicam um salto nos gastos assistenciais durante o ano eleitoral: aumento de 650% no pagamento de contas de água, 500% em energia, 200% na distribuição de botijões de gás e 175% em “ajuda financeira” direta. Também foram registradas contratações temporárias e gratificações milionárias.

O contador público Paulo Gildo de Oliveira afirmou que esses picos coincidiram com o lançamento da candidatura de Lucinha e a reta final da campanha, caracterizando uso eleitoral da máquina pública.

Compra de votos e intimidação

Testemunhas relataram pagamentos em dinheiro, entrega de bens e promessas de emprego em troca de votos.

  • Artur Henrique dos Santos afirmou ter recebido R$ 500 diretamente da prefeita, além de participar da distribuição de cestas básicas e gás.
  • José Petrônio Bezerra disse ter ganhado uma moto da vereadora Vânia de Zu para votar nela e em Lucinha, mas, após um desentendimento, o veículo teria sido “furtado” em ação combinada com um policial aliado.
  • Josinaldo Martins Belém relatou ter sido coagido a votar no grupo, com promessa de casa e gás, e que sua esposa foi agredida por cabos eleitorais.
  • Maria José (Lita) confirmou a entrega da moto e disse ter perdido apoiadores para adversários que distribuíam gás.

Além disso, o processo aponta perseguições políticas, expulsão de famílias de assentamentos e intimidação de eleitores com apoio de policiais.

Diferença mínima nas urnas

A eleição foi decidida por apenas 204 votos de diferença — bastariam 103 votos para alterar o resultado, o que reforça o argumento da acusação sobre a influência do esquema.

O que diz a acusação

O advogado eleitoral Bruno Lopes, que atua no caso, classificou a situação como “o maior esquema de corrupção eleitoral de Mari” e afirmou que “o caminho lógico é a cassação do mandato dos infratores e a pena de inelegibilidade dos envolvidos”.

A sentença deve sair nos próximos dias. Caso a Justiça confirme as acusações, Mari poderá voltar às urnas em uma eleição suplementar para escolher novos representantes.

Confira as alegações finais apresentadas pela banca de advogados do autor da ação: Alegações Finais Mari

FONTE: POLITIKA

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