DUAS ESTRADAS | Câmara rejeita projeto da Causa Animal; discurso contraditório de vereadora reforça alinhamento político à gestão
A proteção animal voltou ao centro do debate público em Duas Estradas após dois episódios que impactaram diretamente ações voltadas ao bem-estar de cães e gatos no município. A rejeição do Projeto de Lei nº 02/2025, de autoria do vereador Heráclito Pinto que criava diretrizes permanentes para políticas de proteção e controle populacional de animais, foi seguida após o cancelamento da vinda do Castra Móvel estadual, agendado para 29, 30 e 31 de outubro. As decisões, somadas, provocaram críticas da oposição e indignação de protetores independentes, que enxergam interferência política e falta de prioridade da gestão municipal para a pauta.
Durante a sessão que analisou o projeto, a vereadora Adriana, aliada da prefeita Myllena Nayara, protagonizou um discurso que chamou atenção pelo contraste entre elogios à iniciativa e o voto contrário. Em longa fala, a parlamentar classificou o projeto como “louvável” diversas vezes, reconheceu sua relevância e disse apoiar a causa, mas ao final votou pela rejeição da matéria.
Em seu pronunciamento, Adriana afirmou ter buscado informações na Secretaria de Saúde e relatou que a gestão estaria organizando uma futura “casa de apoio para os animais”, com veterinário diário e equipe para atendimento, além de citar alguns casos de animais que teriam sido levados a clínicas particulares pelo município. Na tentativa de justificar o voto, a vereadora também alegou que o Castra Móvel não teria vindo porque a comunicação da agenda chegou “em cima da hora” e que o programa atenderia “apenas animais que têm dono”, informação que não corresponde ao funcionamento real do serviço estadual — que também castra animais de rua, conforme estabelece a política pública coordenada pelo Governo do Estado.
A parlamentar reforçou que o município estaria “se organizando” para ações futuras, mas não apresentou datas, documentos, regulamentações ou evidências concretas de implantação da estrutura anunciada, o que ampliou a percepção de que o discurso serviu apenas como escudo político para justificar o voto contrário à proposta da oposição. A contradição ficou ainda mais evidente porque, mesmo reconhecendo a necessidade urgente de políticas públicas para a causa animal, Adriana optou por rejeitar o único projeto formal apresentado até agora sobre o tema.
A derrota da proposta na Câmara repercutiu negativamente entre protetores independentes, que lidam diariamente com abandono, maus-tratos e a falta de políticas preventivas. A rejeição esvaziou a possibilidade de criação de uma política municipal estruturada e deixou o município sem diretrizes legais para lidar com a crescente demanda da causa.
Outro fato, foi o cancelamento da vinda do Castra Móvel, que havia sido articulado pelo vereador Heráclito Nascimento Pinto junto ao Governo do Estado. Segundo informou a gerente do programa, Fabiola Rezende, a agenda foi suspensa e somente será reagendada por meio de tratativas exclusivas com a gestora municipal. A mudança repentina alimentou suspeitas de interferência política, principalmente porque a ação já estava confirmada pela Gerência da Causa Animal.
Para a oposição, os dois episódios demonstram que a gestão municipal age para bloquear iniciativas quando não são de sua autoria, mesmo que a população seja diretamente beneficiada. “Rejeitar o projeto e ainda perder a oportunidade do Castra Móvel é penalizar a cidade e deixar os animais à própria sorte”, declarou Heráclito.
Enquanto isso, Duas Estradas segue sem projeto aprovado, sem previsão para a volta do Castra Móvel e sem política efetiva de castração ou controle populacional. Protetores continuam arcando sozinhos com resgates, cuidados e custos veterinários, enquanto a pauta da causa animal permanece travada por disputas políticas.
Destak1



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