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Guguinha cobra políticas públicas para saúde mental e cita caso de Gerson, o “Vaqueirinho”

Guguinha cobra políticas públicas para saúde mental e cita caso de Gerson, o “Vaqueirinho”

Durante o Encontro Nacional de Comissões Legislativas de Direitos Humanos, realizado nesta segunda-feira (1), em Brasília, o vereador de João Pessoa Guguinha Moov Jampa (PSD), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Defesa do Consumidor, fez um duro apelo por políticas públicas mais efetivas voltadas à saúde mental.

Em seu discurso, Guguinha trouxe à tona o caso do jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, conhecido como “Vaqueirinho”, morto no domingo (30) após invadir a jaula da leoa Leona no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa. O vereador ressaltou a mudança repentina de narrativa nas redes sociais: o jovem, que agora recebe homenagens, até sábado era apontado por muitos como “marginal”.

O vereador afirmou que o episódio expõe falhas profundas nas políticas de cuidado e assistência, e reforça o abandono histórico de pessoas em sofrimento mental. Ele questionou quantos outros jovens semelhantes a Vaqueirinho seguem ignorados pelo poder público.

“Ontem o Instagram só falava disso, mas hoje estão tratando o Vaqueirinho como anjo. Antes não. Antes o estado virou as costas. E quantos ‘Vaqueirinhos’ não existem no Brasil? Saúde mental é real, não está escondida. Quando ele foi preso dez vezes quando era de menor, muitos viraram as costas, parlamentares, sociedade, vizinhos. Tratavam Vaqueirinho como delinquente. Hoje a gente sabe que o que ele precisava era apoio”, disse o vereador.

O vereador também criticou a falta de estrutura dos serviços de saúde mental e alertou para o desgaste dos próprios profissionais:
“Quantas pessoas não precisam desse apoio? Como está essa saúde? E não só de quem busca os serviços, mas dos servidores dos CAPS, que adoecem vendo todos os dias as mesmas pessoas sem solução.”

Ao mencionar o debate sobre o destino da leoa Leona, Guguinha enfatizou que o animal não foi culpado pela tragédia.
“Ontem levantaram a hipótese de que a leoa teria que ser sacrificada, mas ninguém falou isso. A leoa estava no lugar dela, era até dócil com os visitantes. O local onde ela vivia foi invadido.”

“Quantos Vaqueirinhos ainda esperam a mão justa do Estado, que não ignore sua dor, seu sofrimento, seu adoecimento?”, finalizou.

O caso

Gerson de Melo Machado morreu na manhã de domingo (30) após invadir o recinto da leoa Leona no parque da Bica, em João Pessoa. Ele escalou uma estrutura de mais de 6 metros, ultrapassou grades e entrou no espaço do animal. A prefeitura confirmou que a invasão foi deliberada.

O jovem era diagnosticado com esquizofrenia, assim como a mãe, e havia sido abandonado pela família. Morena da comunidade de Mangabeira, ele acumulava 16 registros policiais, dez deles quando ainda menor de idade. Recentemente, havia sido encaminhado ao CAPS, mas fugiu do local. Estava em liberdade desde a sexta-feira (28).

A administração municipal informou que Leona está bem e não será sacrificada. O parque foi fechado no domingo para apuração e remoção do corpo.

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