A Fundação São Padre Pio de Pietrelcina emitiu uma nota nesta quarta-feira (8) esclarecendo informações falsas que tentaram ligar a Fundação a um suposto desvio de recursos em emendas federais. Na ocasião, R$ 180 mil deixaram de ser repassados para a Fundação durante a gestão do padre Egídio de Carvalho no Instituto São José, ligado ao Hospital Padre Zé, em João Pessoa.
Como visto, a Fundação São Padre Pio de Pietrelcina alegou que em 2018 o então senador José Maranhão direcionou R$ 200 mil, via emenda, para a Fundação.
No entanto, em um termo de atuação em rede intermediado pela Promotoria de Justiça, ficou definido que o Instituto São José receberia os valores e repassaria eles à Fundação São Padre Pio de Pietrelcina. O dinheiro, porém, não foi repassado na totalidade.
“Entretanto, o Instituto São José, por meio dos seus antigos gestores, apenas repassou à Fundação o valor de R$ 20 mil, não se sabendo qual o destino dado aos R$180 mil restantes e nunca repassados”, informou a Fundação São Padre Pio de Pietrelcina, como notado.
Confira abaixo a nota completa da Fundação São Padre Pio de Pietrelcina.
Nota
Em detrimento das informações veiculadas em portais do estado na manhã desta quarta-feira(08), a Fundação São Padre Pio de Pietrelcina vem por meio deste esclarecer tais informações sobre repasse de valores para a instituição advindas do Instituto São José.
O documento de extrato veiculado nos portais refere-se a transferência realizada para a Ação Social Arquidiocesana – CNPJ: 70.133.3939.0001-00. Portanto, o valor referido não foi direcionado a Fundação São Padre Pio de Pietrelcina.
Em virtude de emenda parlamentar direcionada a Fundação São Padre Pio pelo então senador José Targino Maranhão, em 06 de novembro de 2018 foi estabelecido um termo de atuação em rede intermediado pela Promotoria de Justiça das Fundações onde o Instituto São José receberia o recurso e repassaria a Fundação no valor de R$200 mil reais.
Entretanto, o Instituto São José, por meio dos seus antigos gestores, apenas repassou à Fundação o valor de vinte mil reais, não se sabendo qual o destino dado aos R$180 mil restantes e nunca repassados.
Entenda o caso
O escândalo no Hospital Padre Zé veio à tona no mês passado, após uma denúncia de furto de celulares no local. Os equipamentos haviam sido doados pela Receita Federal para o hospital e deveriam ter sido vendidos em um bazar beneficente para angariar recursos para o hospital.
Porém, os celulares foram furtados e vendidos e as investigações apontam para o envolvimento do Padre Egídio de Carvalho, que era diretor-presidente da unidade, e do ex-funcionário Samuel Segundo.
Em meio ao escândalo do furto dos celulares, o padre Egídio de Carvalho Neto, renunciou ao cargo de presidente do Hospital Padre Zé. O pedido foi aceito pelo arcebispo Dom Manoel Delson. Padre Egídio estava há mais de cinco anos à frente do hospital, fundado há quase 90 anos. Além de estar na gerência da unidade, ele também atuava como pároco da Igreja Santo Antônio, cargo do qual também renunciou.
Procurada para comentar a denúncia, a defesa do padre Egídio de Carvalho não retornou o contato até a publicação desta matéria.
Furto de meio milhão
No dia 2 de outubro, a Justiça autorizou o bloqueio de contas e a quebra de sigilo bancário de Samuel Segundo. O pedido de quebra de sigilo e bloqueio foi feito pela delegada Karina Torres, da Polícia Civil, e contou com ‘prints’ de conversas de Samuel negociando a venda de iPhones e outros itens.
A delegada apontou que “restou evidenciado, com fulcro na investigação, que Samuel Segundo incorreu no delito de furto qualificado, causando o prejuízo de R$ 525.877,77, referente aos produtos furtados no interior do Hospital Padre Zé”.
Operação do Gaeco
No dia 5 de outubro, o padre Egídio de Carvalho foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público do Estado da Paraíba (Gaeco). além do pároco outras pessoas da administração do hospital também foram alvos.
Entre estas pessoas está a diretora administrativa do hospital, Jannyne Dantas e a tesoureira da unidade hospitalar filantrópica, Amanda Duarte. Na ocasião, a operação tem como objetivo apurar os fatos que indicam possíveis condutas criminosas ocorridas no âmbito do Instituto São José, do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA).
Vinhos e imóveis de luxo
Durante a operação Indignus, do Gaeco, os agentes localizaram ao menos três caixas com vinhos internacionais. Segundo apurou a reportagem, cada caixa teria ao menos seis exemplares da bebida. O que chama atenção é que o vinho, ano 2015, é vendido em média por até R$ 1,660 na internet, com isso os valores de bens apreendidos, apenas em vinhos, pode chegar a quase R$ 30 mil (R$ 29.916).
Também na operação, imóveis em residenciais e condomínios de luxo eram mantidos com recursos de origem duvidosa pelo Padre Egídio de Carvalho.
De acordo com a força-tarefa, a investigação “aponta para uma absoluta e completa confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade das referidas pessoas jurídicas com um dos investigados, com uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos”.
Ostentação e empréstimos
O alto padrão de luxo encontrado nos imóveis de propriedade do Padre Egídio de Carvalho, durante operação Indignus, deixou os agentes do Gaeco e policiais civis surpresos.
As propriedades contam com projetos de iluminação do ambiente interno com designs futuristas em LED, além de lustres de alto padrão de luxo. Os projetos de iluminação dos ambientes deixaram os representantes da justiça boquiabertos durante as incursões policiais.
Nos imóveis de propriedade do clérigo, os investigadores encontram fogão no valor de R$ 80 mil e 30 cachorros da raça Lulu da Pomerânia, sendo cada animal avaliado em até R$ 15 mil.
Um empréstimo de R$ 13 milhões foi feito pelo padre Egídio de Carvalho em nome do Hospital Padre Zé, em João Pessoa. O valor foi revelado pelo arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, e pelo novo diretor, Padre George Batista, durante entrevista à imprensa.
Conforme as informações repassadas, os empréstimos foram feitos em duas instituições bancárias, um no Santander e outro na Caixa Econômica Federal.