A recente indicação de Allana Galdino para uma vaga de conselheira no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) reacendeu um debate importante sobre os bastidores da política paraibana e o uso da mídia como instrumento de pressão e desgaste.
A indicação de Allana, filha do deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), segue todos os trâmites legais e está dentro da competência da própria ALPB. No entanto, o que chama atenção é o padrão que se repete sempre que algum procurador, conselheiro ou juiz se manifesta de forma crítica ou desfavorável à nomeação.
Coincidentemente – ou não –, logo após cada manifestação contrária à indicação, uma enxurrada de matérias, muitas vezes carregadas de juízo de valor, começam a circular em diversos portais, blogs e redes sociais. Essas matérias costumam expor aspectos pessoais, decisões antigas ou polêmicas envolvendo essas autoridades, sempre com tom negativo.
A situação levanta uma pergunta incômoda, mas necessária: de onde partem essas informações negativas? Seria uma tentativa orquestrada de intimidação? Estaríamos diante de uma estratégia velada para descredibilizar quem se opõe à nomeação?
Não se trata de defender ou atacar a indicação de Allana Galdino – que, repita-se, é legal e prevista na Constituição Estadual. A questão que preocupa é o clima de coação indireta que parece pairar sobre os atores institucionais que, por dever de ofício ou convicção, optam por se posicionar contra a indicação. O uso de meios de comunicação para criar narrativas negativas pode comprometer a independência de poderes e desvirtuar o debate público.
A população paraibana merece clareza, transparência e respeito às instituições. Divergências sobre nomeações são naturais num regime democrático, mas transformar qualquer oposição em alvo de ataques midiáticos organizados representa um risco grave à liberdade de expressão e à atuação técnica e imparcial dos órgãos de controle.
Cabe à sociedade, aos jornalistas sérios e às autoridades competentes refletirem: quem ganha e quem perde com esse tipo de comportamento? E, mais importante: a quem interessa silenciar as vozes que ousam discordar?