O secretário-chefe de Governo da Paraíba e sócio-fundador da Rádio Guarabira FM, Roberto Paulino, voltou a protagonizar um episódio marcado por contradição pública. Durante o programa Café e Notícias, desta segunda-feira (3), apresentado por Michelle Marques na Rádio Só Festa FM, o ex-governador demonstrou surpresa com o encerramento do programa de rádio Fala Povo, utilizado por lideranças de oposição em Guarabira, e afirmou que irá buscar explicações junto ao empresário Roberto Cavalcante, proprietário do Sistema Correio de Comunicação.
A declaração chamou atenção pelo tom de estranheza adotado. Paulino afirmou que considerou a retirada do programa “diferente do que imaginava” e que “vai conversar com o dono da emissora sobre o assunto”. No entanto, a postura do secretário se distancia do que foi dito por ele mesmo em ocasião recente, ao vivo, no encerramento de um dos programas Fala Povo, exibido todas as quartas-feiras, das 11h às 12h, na Rádio Guarabira FM — emissora da qual ele próprio detém 30% das ações e colabora diretamente nas decisões estratégicas.
Naquele dia, Roberto Paulino não só endossou o uso político do programa pela oposição, como fez apelos eleitorais explícitos. Dirigindo-se ao governador em exercício Lucas Ribeiro — atual vice-governador e pré-candidato a governador em 2026 — e ao secretário de administração estadual e pré-candidato a deputado estadual Tibério Limeira, Roberto declarou:
“É por isso, Lucas, que Guarabira quer dar a resposta, é dando a você uma grande votação e também votando em Tibério para deputado estadual.”
A fala, registrada publicamente, ocorreu no mesmo programa que agora ele afirma desconhecer os motivos de sua retirada do ar. À época, o espaço fora amplamente utilizado para divulgar ações do Governo do Estado e para criticar a gestão municipal de Guarabira — prática que vinha sendo vista por muitos como um uso político de uma concessão pública de rádio, em período pré-eleitoral.
Apesar disso, Paulino desconversou durante a entrevista a Michelle Marques, chegando a insinuar que outras emissoras da cidade cometem “ofensas” e “infrações judiciais” sem serem punidas, mas evitou comentar publicamente sua posição enquanto sócio-fundador da Guarabira FM e beneficiário direto do espaço.
Neste cenário, a postura de Roberto Paulino levanta questionamentos sobre sua real influência nas decisões da emissora e coloca em xeque sua tentativa de se distanciar de um fato do qual participou ativamente enquanto liderava e defendia, publicamente, o discurso propagado no agora extinto programa.
O programa Café e Notícias, no qual Paulino deu a declaração, segue ao ar de segunda a sexta-feira, a partir das 6h da manhã, pela Rádio Só Festa FM, que também pode ser ouvida via aplicativo.
Com a contradição exposta, a opinião pública agora aguarda se haverá explicação convincente ou se esta será mais uma tentativa frustrada de dissociar imagem política de decisões tomadas sob seu domínio midiático e partidário.
