Cuspindo no prato que comeu: Guga Pet e a tal da ingratidão

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O vereador mais votado de João Pessoa em 2024 assume cargo ligado ao prefeito, mas agora nega base e busca voo para 2026. A carne crua fica para quem o colocou no assento.

O vereador Guga Pet (PP) retornou, nesta terça-feira (4), à Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) após pedir exoneração do cargo de secretário municipal de Cuidado e Proteção Animal. Em entrevista, declarou que não integrará a base do prefeito Cícero Lucena (MDB) e que manterá postura “independente”.

“Eu sempre tive minha independência aqui na Câmara Municipal. Eu voltei porque fui eleito para ser vereador da cidade de João Pessoa e tenho que fazer mais projetos de política pública para causa animal.”
(Guga Pet) ClickPB+1
“Eu vou continuar votando naquilo que eu achar… Eu só sempre fui um vereador que tive minha independência.” ClickPB+1

O apoio que teve — e que agora parece ignorar

Para se construir o contraponto da “ingratidão”, faz-se necessário destacar o apoio que Guga Pet recebeu da gestão municipal:

  • Guga foi nomeado secretário da nova Secretaria Municipal de Cuidado e Proteção Animal da prefeitura de João Pessoa, sob o prefeito Cícero Lucena. ClickPB
  • O pedido de exoneração foi encaminhado ao prefeito em 21 de outubro e divulgado em 31/10/2025. Noticias R7
  • Na própria reportagem consta que, mesmo com a saída da pasta, segundo assessoria de Guga, ele “permanece na base aliada do prefeito Cícero Lucena”. Jornal da Paraíba
  • A articulação do retorno à Câmara foi feita em conjunto entre Guga Pet, o vereador Mô Lima (PP) e o prefeito Cícero Lucena, “não passou diretamente pelo partido”. Blog do Bruno Lira+1
  • Guga foi o vereador mais votado da capital em 2024, obtendo 10.320 votos. ClickPB+1

Logo, não se trata de figura isolada nem de independente desde sempre: ele integrou o poder executivo municipal (via secretaria) e teve apoio para sua nomeação, o que traz a pergunta: por que agora se proclama “fora da base”?

A autoproclamada “independência”

Na entrevista de retorno à CMJP, Guga enfatizou que “voltou porque fui eleito para ser vereador… tenho que fazer mais projetos… aqui na Câmara fizemos trabalho” etc. ClickPB+1
Mas esse discurso contrasta com alguns fatos:

  • Ele aceitou cargo na administração municipal e, portanto, integrou a máquina executiva sob Cícero Lucena.
  • A articulação de sua volta à Câmara se deu com o prefeito e fora do rito partidário oficial, segundo Mô Lima. Fonte 83
  • Depois da exoneração, declara “independência”, mas segundo a própria assessoria: “permanece na base aliada”. Jornal da Paraíba

Ingratidão ou estratégia política?

Pode-se argumentar que Guga Pet, agora em pré-candidatura a deputado estadual para 2026, está reposicionando seu discurso para capturar um eleitorado de oposição ou independente — ao mesmo tempo em que usufruiu de indicações e cargos vinculados à base governista.

Isso traz várias questões jornalísticas que podem e devem ser investigadas:

  • Quais foram as contrapartidas políticas e financeiras (emendas, infraestrutura, cargos) que Guga Pet obteve da prefeitura de João Pessoa enquanto estava na secretaria ou ligado ao Executivo?
  • Qual o custo dessa “independência” — quais votos ou apoios ele abrirá mão, por exemplo, em projetos que dependem da prefeitura?
  • Qual o impacto para a causa animal, que ele declara como prioritária, ao sair de uma pasta executiva para volta à Câmara?
  • Será que o discurso de independência é genuíno ou meramente instrumental para “enxergar” para 2026, deixando para trás quem o “alavancou”?

Riscos para a narrativa

A matéria deve tomar cuidado com o tom e com os fatos para evitar riscos legais. Algumas recomendações:

  • Não rotular Guga como “ingrato” sem evidência clara de compromisso firmado e rompido — melhor mostrar que há fragilidade no alinhamento entre retórica (“independente”) e trajetória (cargo, base, apoiados).
  • Evitar afirmações caluniosas ou difamatórias. Focar em fatos públicos, entrevistas, nomeações, exoneração e articulações.
  • Oferecer ao entrevistado o direito de resposta: por que ele considera que agora pode romper ou se desvincular da base? Quais os termos do apoio recebido anteriormente?
  • Evidenciar que a “casa” (Câmara) e “governança” (prefeitura) têm papéis diferentes — o que ele fez em cada espaço, e como será sua atuação agora “independente”.

Estrutura da matéria

  1. Lead forte, com o contraste: “Depois de assumir cargo junto à prefeitura, Guga Pet volta à Câmara prometendo independência”.
  2. Contexto – histórico de Guga Pet, eleição de 2024, votos, pasta que assumiu, apoio da base de Cícero Lucena.
  3. O retorno e o discurso – exoneração, a justificativa oficial (“causa animal”, “mandato de vereador”), entrevista.
  4. Contrapartidas e apoios obtidos – nomeação, articulação com o prefeito, base aliada, emendas para causa animal, etc.
  5. O discurso de independência vs. os fatos – análise do que diz vs. o que fez.
  6. Motivações para 2026 – pré-candidatura, necessidade de visibilidade, reposicionamento político.
  7. Implicações para a cidade e para a causa animal – o que muda para a pauta que ele carrega como principal.
  8. Entrevista/opiniões – incluir posicionamento de Guga Pet, da assessoria da prefeitura, de observadores/política local.
  9. Conclusão – relembrar que no meio político “independente” muitas vezes significa “fora do compromisso imediato”, e que ao eleger o discurso, Guga arrisca deixar para trás quem o apoiou.

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