Uma denúncia envolvendo o suposto acúmulo indevido de cargos e ausência de exercício funcional reacende o debate sobre funcionários fantasmas na administração pública da Paraíba. A profissional identificada como Daniella Cristina Martins, que possui uma clínica de fisioterapia na capital João Pessoa, aparece como servidora da Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia, ocupando o cargo de Assistente Administrativo, com admissão em 03/03/2025.
Segundo dados oficiais extraídos do portal Sagres do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), Daniella recebeu R$ 6.160,00 no mês de março e R$ 5.600,00 no mês de abril, totalizando R$ 11.760,00 em apenas dois meses de vínculo com o Estado.
A denúncia parte de moradores e lideranças políticas do município de Caldas Brandão, que alegam que a servidora não dá expediente na secretaria estadual e se dedica integralmente à sua clínica particular. Além disso, afirmam que ela reside em João Pessoa e só aparece em Caldas Brandão em períodos eleitorais.
Daniella tem histórico político na cidade, tendo sido vereadora entre 2017 e 2020. Em 2020, tentou se eleger prefeita e terminou em terceiro lugar com 915 votos (21,65%). Em 2024, retornou como candidata a vice-prefeita, mas a chapa foi anulada pela Justiça Eleitoral por ausência de prestação de contas da campanha de 2020. Mesmo com a substituição de seu nome por outra candidata, os 1.813 votos recebidos pela chapa foram considerados nulos pela Justiça Eleitoral.
Outro ponto que gerou polêmica durante sua trajetória pública foi o envolvimento em um escândalo no final da campanha de 2020, quando vídeos íntimos de natureza privada foram divulgados em grupos de WhatsApp, gerando grande repercussão local.
Mesmo após o escândalo e os sucessivos insucessos eleitorais, Daniella segue figurando no cenário político e ocupando cargo comissionado no Estado, o que levanta questionamentos sobre possível apadrinhamento político. Segundo a denúncia, ela teria proteção de figuras influentes do governo estadual, como o secretário de Administração, Tibério Limeira.
Diante dessas informações, é necessário que os órgãos de controle como o Ministério Público Estadual, o TCE-PB e a Controladoria-Geral do Estado, apurem se há a devida prestação de serviços por parte da servidora. O uso de recursos públicos deve estar atrelado ao interesse público e à legalidade.
O espaço segue aberto para manifestação da servidora mencionada, da Secretaria de Estado da Educação e da administração estadual, caso desejem apresentar esclarecimentos.
