Um episódio envolvendo o candidato a vice-prefeito de Duas Estradas, Gilvan Garcia de Carvalho Filho, mais conhecido como “Guega” (Republicanos), tem chamado a atenção da população e levantado questionamentos sobre o comportamento público de lideranças políticas locais. Um dos principais questionamentos gira em torno do silêncio do vereador Heraclito do Nascimento Pinto, aliado do candidato, diante de um caso que, segundo a Polícia Civil, tratou-se de uma simulação de atentado com o claro objetivo de comover o eleitorado.
De acordo com o inquérito policial, a suposta tentativa de homicídio relatada por Guega na madrugada do dia 6 de setembro de 2024, na zona rural do município, foi desmentida pelas investigações. O político alegou ter sido alvo de disparos enquanto chegava ao seu sítio, mas as perícias técnicas descartaram a versão. O próprio delegado Walter Brandão afirmou, em entrevista à Rádio Arapuan FM, que os indícios apontam para uma encenação: “Não encontramos o mínimo de razoabilidade para sequer continuar com o inquérito. As provas apontam para uma simulação”, destacou.
Diante de um episódio dessa gravidade — em que uma tentativa de homicídio foi denunciada e posteriormente desmentida pela própria investigação — chama a atenção a ausência de qualquer manifestação pública do vereador Heraclito do Nascimento Pinto. O parlamentar, que pertence ao mesmo grupo político de Guega, não emitiu nota oficial, não se pronunciou nas redes sociais e não comentou o caso nas sessões da câmara municipal até o momento.
O silêncio de Heraclito é ainda mais notório quando se observa a proporção que o caso tomou. Durante o período da campanha, a versão divulgada por Guega repercutiu fortemente entre eleitores, gerando comoção e atos públicos em defesa do então candidato. A Polícia Civil, no entanto, concluiu que tudo foi cuidadosamente planejado. A própria dinâmica dos tiros, segundo o laudo, revelou disparos de dentro para fora do veículo, o que contradiz totalmente a versão de que o político foi atacado por criminosos em uma moto. Moradores da região também negaram ter visto qualquer movimentação estranha naquela madrugada.
Segundo o delegado responsável, Guega chegou a pedir que a investigação não fosse adiante — outro fato considerado incomum para quem teria sido vítima de uma emboscada. Diante de todas as evidências, o inquérito foi arquivado, e Guega será responsabilizado criminalmente por falsa comunicação de crime.
Em tempos eleitorais, é comum observar líderes políticos criticarem adversários por atitudes reprováveis. No entanto, a mesma veemência nem sempre é vista quando problemas ocorrem dentro do próprio grupo. O caso envolvendo Guega escancarou essa prática. Se o episódio tivesse partido de um adversário político, certamente já estaria no centro de debates, discursos e pronunciamentos públicos. Mas até agora, reina o silêncio entre os aliados.
A população de Duas Estradas, que acompanhou de perto a campanha municipal, tem o direito de questionar: onde estava e o que pensa o vereador Heraclito do Nascimento Pinto sobre tudo isso? O caso é grave, envolve manipulação de informações, possível uso político da mentira e tentativa de comover a opinião pública com um episódio que, segundo a polícia, nunca existiu.
Por ora, o silêncio permanece. E o eleitor observa.