Líder da bancada evangélica se dispõe a dialogar com governo Lula, mas reforça apoio a Bolsonaro

Brasil

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, o Congresso Nacional já se movimenta para rearticular alianças e construir novas pontes com o governo petista. Entre os líderes da bancada evangélica, o deputado Cezinha de Madureira (PSD) declarou que quer estabelecer diálogo com o presidente eleito. Nesta sexta-feira, 4, o parlamentar deu entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, para dar mais detalhes sobre sua posição na Câmara dos Deputados: “Eu não disse nunca que quero falar com o Lula. Ao contrário, eu disse que estou à disposição para dialogar, como um bom parlamentar, com a marca que temos de dialogar. Neste exato momento, nós temos que construir para o Brasil. Para mim o Lula não ganhou a eleição, nós é que perdemos a eleição nos últimos dias. É importante que, neste exato momento, todos os parlamentares, aqueles que amam o Brasil, façam o que eu fiz. Fiquei o dia todo em Brasília tentando ajudar nessa construção de um melhor diálogo, da paz do país. Nós temos que conversar sim e as pautas que forem positivas para o Brasil nós temos que se alinhar sim e votar com o combate à fome, o combate à miséria, o combate ao desemprego e assim sucessivamente”.

O líder evangélico na Câmara explicou que não tem um alinhamento ideológico com o PT, mas que deve governar para todos, inclusive para aqueles que não votaram nele: “Nós precisamos entender que, no Brasil, quase 40% da nação é evangélica e esse povo come, trabalha, gera emprego e somos brasileiros como qualquer um outro. O que nos diferencia é o nosso modelo de fé. Nós temos nossa fé, nossa ideologia e jamais vamos pisar nela, jamais vamos mudar o que nós pensamos e nossa prática. Isso jamais vai acontecer. Mas, é importante que façamos esse diálogo sim. Como eu disse, nós somos evangélicos, mas somos brasileiros. Nós temos uma boa representação na Câmara, diga-se de passagem, que cresceu agora. E nós temos que ter responsabilidade fiscal e responsabilidade, não só com os eleitores que nos elegeram, mas com os eleitores brasileiros, com o povo brasileiro. Nós temos que dialogar sim, e temos que construir”.

“Já fui procurado por algumas lideranças do futuro governo para um diálogo e estou, como disse o ministro Tarcísio no dia que nós vencemos a eleição em São Paulo depois de 20 anos de PSDB: ‘Estou à disposição para conversar com o Governo Federal’. Eu também estou, nós também estamos à disposição para dialogar e construir pautas positivas que não sejam pautas ideológicas, aquelas que nós não concordamos”, sinalizou. Antipetista, Cezinha de Madureira ainda fez duras críticas ao partido de Lula: “Para mim o PT não mudou. Pauta ideológica não se muda. O PT foi formatado no estilo dele e com pautas ideológicas que nós da direita, nós evangélicos e nós que somos cristãos no Brasil sempre tivemos divergências. Em especial, com os últimos governos do PT. Eu não acredito que o PT vá mudar a sua ideologia de forma alguma. Mas, nós passamos por uma mudança (…) O presidente Bolsonaro, para mim, foi muito importante para cortar e para quebrar esse ciclo que o país estava indo, como na Venezuela. Hoje, nós temos que ter juízo na cabeça, nós temos aí o presidente Lira, que deve continuar presidente do Congresso. Tem o nosso apoio, inclusive, para continuar com paz, porque é um cara coerente”.

Para o parlamentar, nas últimas semanas da eleição a campanha de Bolsonaro acabou perdendo uma disputa que, em suas palavras, estava “ganha”: “O presidente Bolsonaro teve o meu apoio incondicional, tem o meu apoio incondicional e ele foi importante para esse momento. Pena que nós tivemos episódios como os últimos de algumas pessoas desgovernadas e descompensadas mentalmente que fizeram com que o presidente perdesse a eleição. Eleição estava ganha, mas nós temos que ter a responsabilidade de governar para todos os brasileiros. Isso independe de A ou B ter, ou não, o cargo no Governo Federal. Nós temos que olhar para o povo brasileiro”. Cezinha destacou que pretende trabalhar pela pacificação do país e em pautas para melhorar a vida do povo, apesar de não apoiar o novo governo: “Se depender de mim e do grupo que a gente consegue interferir e influenciar, nós vamos trabalhar para o Brasil ter paz, ter uma boa economia, emprego para o povo e comida na mesa do povo. Não quer dizer que nós estamos apoiando o governo para uma próxima eleição. A eleição passou, temos quatro anos para trabalhar e eu vou trabalhar nessa toada”.

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