A Força-Tarefa que apura as suspeitas de desvios no Hospital Padre Zé, em João Pessoa, investiga onde foram investidos os mais de R$ 13 milhões solicitados por meio de empréstimos em nome da instituição durante a gestão do Padre Egídio Carvalho junto ao Banco Santander e a Caixa Econômica.
A informação foi repassada pelo novo diretor do hospital, Padre George Batista, durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (10) ao lado do arcebispo Metropolitano da Paraíba, Dom Manoel Delson.
“Existem dois empréstimos na Caixa e no Santander feitos entre o ano passado e esse ano. No Santander, é de R$ 600 mil e na Caixa aproximadamente R$ 12,4 milhões. O empréstimo foi feito na antiga gestão [Padre Egídio]. Somando tudo dá cerca de R$ 13 milhões. Para onde foi esse dinheiro? A Força-Tarefa está investigando e no período certo vai revelar”, disse George.
Por conta do crédito, a unidade de saúde perde mensalmente cerca de R$ 250 mil que são transferidos através do recursos oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a unidade precisa de cerca de R$ 1,3 milhão para se manter, sendo cerca de R$ 1 milhão de verbas enviadas pelo SUS e o restante através de doações.
Operação Indignus
A Operação Indignus, deflagrada Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) cumpriu mandados em imóveis de luxo de propriedade do padre Egídio na última quinta-feira (5). Os crimes vêm sendo investigados desde o mês passado quando se tornou público o escândalo envolvendo a venda de telefones doados pela Receita Federal. O lucro com a venda, ao invés de serem revertidos para obra, foi parar em contas de terceiros.
O que chama a atenção dos investigadores é o uso do clamor social para enriquecimento ilícito. É o que destacou em entrevista à reportagem da Rede Mais, o coordenador do Gaeco, Octávio Paulo Neto.
“O escopo da operação se volta a tentar aclarar os desvios no Hospital Padre Zé e na Associação Social Arquidiocesana. Uma coisa que espanta é a apropriação de pautas legítimas de alto relevo social por pessoas que buscam se monetizar, que se apropriam dessas bandeiras para explorar miseráveis para ter com isso vantagens financeiras das mais vultuosas”, disse Neto.
Para o promotor, essa é uma atitude que “choca”.
“É bem triste e preocupante”
Paulo Neto afirmou que houve por parte da nova direção do Hospital Padre Zé, liderada pelo Padre George Batista, e do arcebispo Dom Manoel Delson uma cooperação para que o inquérito pudesse ser aprofundado.
Imóveis milionários de Padre Egídio
Na operação de hoje, encabeçada pelo Ministério Público da Paraíba, o principal alvo foi o Padre Egídio Carvalho, ex-diretor do Padre Zé, além de duas ex-diretoras da instituição. As equipes cumpriram mandados de busca e apreensão em diversos endereços ligados ao Padre, a exemplo de imóveis luxuosos, como coberturas em prédios de alto padrão nas orlas do Cabo Branco e Bessa.
Cobertura de luxo em João Pessoa é apontada como de propriedade do Padre Egídio Carvalho (Foto: Albemar Santos/Portal MaisPB)
Um dos imóveis que mais chama a atenção da investigação é um apartamento no Luxor Paulo Miranda, à beira-mar do Cabo Branco. Uma unidade habitacional no conjunto é avaliada em cerca de R$ 2 milhões.
A nova diretoria do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, divulgou nota onde afirma que a unidade de saúde está passando por “grave problemas financeiros”. Mas, apesar da situação, o hospital diz que “todos os serviços serão mantidos”.
Após tomar posse, a primeira providência da nova direção foi solicitar ao Ministério Público uma auditoria ampla e irrestrita em todas as suas contas, contratos, convênios e projetos. Também está sendo formada uma força-tarefa, envolvendo o Gaeco, a Polícia Civil, a Secretaria de Estado da Fazenda e a Controladoria-Geral do Estado da Paraíba para apurar o fato e buscar soluções para o problema.
Wallison Bezerra – MaisPB