Conheça ‘Bolsonaro argentino’ que lidera intenções de voto nas eleições

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A Argentina começa para valer seu processo eleitoral, a partir deste domingo (22), com o primeiro turno das eleições presidenciais no país. Dos três líderes de intenções de voto, o principal deles se destaca por chamar o papa Francisco de “esquerdista asqueroso”, chamar Lula de “socialista com vocação totalitária” e dizer que impostos são “um entrave para a liberdade”.

O favoritismo de Javier Milei, considerado como um libertário e um dos representantes da extrema direita argentina, foi confirmado nas primárias que ocorreram em agosto. Com seus 29,86%, ele ficou à frente dos 28% de Patricia Bullrich (ex-ministra de Segurança de Macri) e dos 27,27% de Sergio Massa (atual ministro da Economia e favorito de Lula).

No sistema político argentino, as primárias, que antecedem o primeiro turno, têm a função de diminuir o leque de opções da população, deixando apenas os candidatos que realmente possuem boas chances de seguirem. No caso deste ano, são cinco nomes que disputam vaga no segundo turno, sendo que os três citados estão muito acima dos outros dois.

Atualmente, a Argentina, um dos maiores aliados do Brasil e membro do Mercosul, se encontra numa forte crise econômica há mais de 20 anos. Seja a esquerda, com o governo de Cristina Kirchner, ou a direita, com Alberto Fernandez, nenhum dos dois espectros conseguiram recuperar a economia do país. E justamente nesse cenário, o nome de Javier Milei despontou.

A ascensão de Javier Milei

As comparações entre Milei e o ex-presidente Jair Bolsonaro começam a partir daqui. O argentino também começou a ganhar cada vez mais espaço e relevância política através de seus discursos polêmicos e controversos em programas de rádio, onde era introduzido como “o polêmico”. Da mesma forma, Bolsonaro ganhou relevância com aparições nos programas CQC e Superpop.

Diferente do ex-presidente brasileiro, Milei tem pós-graduação em economia e trabalhou como professor universitário e também era consultor para empresas. Mas foi a partir do início da década passada que ele conheceu as filosofias do libertarismo e revelou ser anarcocapitalista.

O anarcocapitalismo é uma doutrina econômica que está inserida no libertarismo de direita. A maior filosofia é a liberdade individual econômica de qualquer pessoa, através da propriedade privada e o livre mercado, sem a necessidade de intervenção estatal. No entanto, Milei sabe das dificuldades desse modelo, por isso afirma que ainda manterá o Estado na Argentina — mas que será mínimo.

Com suas inserções nos programas de televisão, sua popularidade crescia e conquistava mais adeptos ao redor do país. Na pandemia, estava nas ruas protestando contra a quarentena. Em 2021, candidatou-se a deputado e, com um resultado surpreendente do partido recém criado por ele, conseguiu uma vaga no parlamento. E mesmo com pouco destaque no cargo, lançou sua candidatura à presidência.

Durante seus atos públicos de campanha, utiliza slogans como “a casta tem medo” e “viva a liberdade, caralho” e utiliza uma motosserra para reforçar seu interesse em diminuir o estado. A estratégia funcionou, pois nas intenções de votos para as primárias, a expectativa era de que ele terminasse em terceiro, mas liderou as pesquisas.

Propostas de Javier Milei

– Reduzir o número de ministérios de 18 para 8;
– Tirar fundos do Conicet, uma autarquia que financia pesquisa científica na Argentina;
– Acabar com o Banco Central;
– Dolarizar a economia argentina;
– Abertura comercial radical e privatizações de empresas;
– Reverter lei que descriminalizou o aborto.

Preocupações brasileiras

Javier Milei é totalmente contrário ao presidente Lula e, também, ao Mercosul, que se mostrou uma prioridade do governo brasileiro neste início de mandato. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já se pronunciou sobre a possibilidade de ter que lidar com o possível próximo presidente argentino.

“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad em entrevista à agência Reuters.

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