Motta: “bancada do Republicanos está comprometida com gestão Lula”

Politica

Por Nonato Guedes

O deputado federal paraibano Hugo Motta, líder do Republicanos na Câmara, reiterou, ontem, a posição de independência do partido em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas disse que a nomeação do deputado Sílvio Costa Filho (PE) para o Ministério de Portos e Aeroportos dá à bancada da legenda no Congresso “comprometimento” para votar propostas de interesse do Planalto. “A indicação de Sílvio vem na esteira de poder estreitar essa relação com o partido, para que se estimule a seguir ajudando nas pautas que interessa ao governo, mas sem alterar nossa postura de independência (…) Vemos com bons olhos a chegada de Silvinho ao ministério, que traz para nossa bancada comprometimento”, enfatizou Hugo Motta.
O deputado esteve no Palácio do Planalto para participar de uma reunião fechada dos novos ministros do governo com o presidente da República. Além de Costa Filho assumem cargos na Esplanada, também, André Fufuca, do PP-MA, no Ministério do Esporte, e Márcio França, do PSB, que deixou Portos e Aeroportos para assumir o novo Ministério de Micro e Pequenas Empresas. Os três participaram do encontro, assinando os termos de posse, e chegou a haver exploração da mídia por causa da posse em reunião fechada, contrastando com cerimônia aberta realizada na Presidência para a posse do ministro do Turismo, Celso Sabino, do União Brasil. Questionado sobre a diferença de tratamento dado aos novos ministros, Hugo Motta disse não ver problemas. “Não incomoda de maneira alguma. Cada momento tem sua particularidade”, frisou.

Para o parlamentar paraibano, o mais importante é a constatação de que há, da parte do governo atual, um gesto de aproximação na relação com a bancada do Republicanos. “Enquanto líder, posso garantir que o anúncio do nome de Sílvio Costa Filho foi bem recebido por nós”, declarou Hugo Motta. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República acabou divulgando um vídeo em que o presidente Lula fez um pequeno discurso durante a reunião fechada em que os novos ministros do Planalto assinaram seus respectivos termos de posse. Com duração de l minuto e oito segundos, o vídeo foi publicado cerca de cinco horas depois do encontro, como tática para negar que o presidente estivesse envergonhado com a companhia de ministros ligados ao “Centrão”, grupo fisiológico atuante na Câmara dos Deputados. Lula afirma, à certa altura: “Eu estou muito satisfeito com a conclusão que nós chegamos na montagem do governo. Eu acho que estamos vivendo um momento de muita expectativa no Brasil”, acentuou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua fala, Lula disse a Fufuca que o Esporte precisa ser cuidado porque possibilita emprego e saúde. A Costa Filho, o presidente que ele tem tudo para fazer um bom trabalho. Já a Márcio França, de quem é amigo há 40 anos, como ressaltou no discurso, o presidente disse que havia tentado criar o novo ministério em 2010. “Então, a vocês boa sorte. O nosso lema é trabalhar, trabalhar, trabalhar, porque é isso que o faz o Brasil dar certo”, manifestou o presidente. Arthur Lira, todo-poderoso comandante da Câmara Federal, participou da reunião a contragosto, segundo informou o “Poder360”. No vídeo, ele permanece em silêncio; em alguns momentos, gira sua aliança sobre a mesa e retira migalhas com os dedos enquanto Lula fala. O líder do Centrão cogitou não comparecer à cerimônia fechada, mas foi convencido por aliados a participar. O formato da cerimônia é mais um capítulo das rusgas que marcaram as negociações da reforma ministerial. Em “off”, integrantes do Centrão comentaram que Lula tratou os partidos com arrogância e desprestígio. Um expoente da cúpula do grupo reagiu desta forma: “Absurdo, o presidente tratou como amante”.

O ministro André Fufuca, porém, não passou recibo algum de constrangimento ou de insatisfação. Ele chamou o presidente da Câmara de “mestre” e “grande amigo” e falou que o governo é um time que tem o petista e presidente Luiz Inácio Lula da Silva na condição de técnico. “Todo governo é um time, claro que é, e se tornar ministro é entrar em campo, no campeonato da Primeira Divisão da política. Até aí é uma comparação óbvia. O que faz toda a diferença é fazer parte do time do presidente Lula”, expressou o político maranhense. Ele não recebeu o cargo da sua antecessora, Ana Moser, que confessou sua decepção com a entrega da Pasta a um representante do “Centrão” e disse temer pelo futuro do incentivo ao esporte no Brasil. A reforma ministerial a conta-gotas em Brasília tem sido um parto doloroso para o governo do presidente Lula devido às acomodações que precisou engendrar para acolher membros de partidos conservadores que estiveram alinhados com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Houve forte reação de segmentos do PT e das forças de esquerda em geral. Mas Lula tem se mantido disciplinado na busca de garantir maioria de votos para o governo no Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, revela-se atento ao desempenho dos novos auxiliares, que, na sua própria definição, terão que mostrar resultados concretos e favoráveis – para o povo e para a gestão.

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